26 de novembro de 2008

Célula de Germinação

Um modo fácil de plantar e transplantar.

Produto comercial


Comprei recentemente, via Internet, um produto que me agradou muito chamado Jiffy Pellets. São pequenas células de turfa natural compactada que permitem germinar sementes de uma maneira fácil além de proporcionar um transplante sem perturbar ou incomodar as raízes, pois planta-se a célula com a muda, tudo junto. Gostei tanto que resolvi tentar algo parecido, com a mesma praticidade para plantar e transplantar. Após muita pesquisa e testes incansáveis cheguei ao que chamo de célula de germinação.


1 - Materiais Necessários

Para fazer de 30 a 36 células de germinação aproximadamente, com +ou- 8 cm de altura e 1 ½ polegadas de diâmetro, você precisa de:

1.1) 2 Kg de substrato rico em matéria orgânica.
1.2) 1 envelope de gelatina em pó sem sabor de 11g (no caso da foto, já diluído);
1.3) um pedaço de cano de PVC 1 ½ ou de 2 polegadas de aproximadamente 6 cm de comprimento (esses valores podem variar de acordo com o tamanho que você deseja a célula final), ou algo que poça substituir com uma lata de massa de tomate pequena sem as tampas superior e inferior;
1.4) pedaço de madeira do diâmetro do interior do pedaço de cano ou algo que possa ser encaixe perfeitamente ao diâmetro interno do cano e que sirva para prensar o substrato. Esse da foto foi feito por meu amigo marceneiro Flavinho;
1.5) algo para fazer um pequeno furo nas células prontas, onde se depositarão as sementes (nesse caso, um pincel);
1.6) as sementes a serem plantas.

Matérias necessários

2 - Procedimentos

2.1 - esterilize o substrato colocando 1kg em uma vasilha alta coberta com filme plástico. Leve ao microondas por 90 segundos na potência máxima;
2.2 - siga as instruções do rótulo para dissolver e preparar todo o conteúdo do envelope da gelatina;
2.3 – acrescente 250 ml de água à gelatina preparada;
2.4 - coloque o substrato em um balde;
2.5 - vá jogando a gelatina dissolvida aos pouco por cima do substrato e misturando com as mãos. O ponto da mistura é quando você conseguir fazer uma bolinha do substrato úmido com as mãos e ver que ela está bem firme sem se desfazer facilmente. Para chegar a esse ponto, talvez não seja necessário usar toda a água.
2.6 - vá enchendo o cilindro de PVC com o substrato umedecido e, depois de cheio até a boca. Apóie o cilindro de PVC em uma superfície dura. Coloque o pedaço de madeira na parte superior de cilindro de PVC e prense forte até compactar bem o substrato (foto abaixo).
2.7 - retire suavemente a célula de germinação pronta baixo do cilindro.
2.8 - com a ponta do pincel, de um lápis ou outra ferramenta qualquer, faça um pequeno furo no centro da célula de germinação.
2.9 - coloque a semente no furo e cubra com um pouco de vermiculita ou mesmo substrato seco. Não precisa molhar pois a umidade natural da célula já e suficiente para a germinação das sementes.
2.10 - coloque a célula de germinação em uma estufa, que pode ser uma caixa de plástico transparente, uma queijeira ou outro artefato que deixa a claridade entrar e não deixe a umidade sair.

Enchendo o PVC e prensando

Célula pronta


Pronto, agora é só colocar a sua estufa improvisada em um local que receba luz indireta durante o dia e aguardar a germinação da suas sementes e transplanta-la quando estiver pronta.

Células nas “estufas”


Semente germinada

3 - Dicas:

3.1 – Já usei 4 tipos de substratos que deram certo:
A - 75% de composto orgânico bem curtido + 25% de húmus de minhoca;
B - 75% de composto orgânico bem curtido + 22% de húmus de minhoca + 3% de torta de Nim;
C – 60% de composto orgânico bem curtido + 30% de húmus de minhoca + 10% de casca de arroz carbonizada;
D – Composto orgânico comercial: misturando para cada 10Kg de composto orgânico, 250 grs de farinha de osso e 300 grs de cinza de madeira. Deixe curtir por uma semana e depois use.


3.2 – Cheguei a acrescentar, com grande sucesso, ao substrato esterilizado um fungo chamado Trichoderma. Ele evitar o aparecimento de fungos patogênicos como Fusarium spp, Phytium spp, Rhizoctonia solani, Sclerotium rolfssi, etc. Esses fungos patogênicos provocam tombamento das mudas (damping off) e outros prejuízos;


3.3 – Hoje em dia uso o substrato "D", descrito no 3.1 acima, com Kenki Bokashi que me dá as mesmas vantagens do uso do Trichoderma;


3.4 - Se for usar Trichoderma ou o Kenki Bokashi faça o procedimento descrito no ítem 2.1 acima antes de mistura-los ao composto, pois o mesmo elimina todos os microorganismos benéficos que foram adicionados.

4 - Fontes:

- Substratos e Viveiros – Maciel, Milton – Ed. SoloVivo – Série Auto-Suficiência – 1998
- How do I clone in peat pellets? www.420magazine.com
- Testes incansáveis :)

30 de setembro de 2008

Bokashi caseiro

Como produzir seu próprio bokashi em casa




Existem muitas receitas diferentes de Bokashi em livros sobre agricultura orgânica/natural e na Internet, essa é só mais uma, com o diferencial de ser bem simples e com possibilidade de ser feita em qualquer casa ou apartamento. Divirtam-se!



1 - Um pouco de história

1.1 - O significado da palavra

A palavra bokashi, de origem japonesa, significa borrar, diluir. Como em uma maquiagem borrada. Posteriormente foi usada no sentido de diluir material orgânico com farelos fermentados, com o solo, para não serem usados puros e assim não causarem danos à cultura. Porém podendo ser usados diretamente na adubação de cobertura.



1.2 - A história da técnica

A técnica de misturar farelos fermentados com matéria orgânica e solo tem origem que remonta ao final do séc. 19 (+ de 100 anos), com o objetivo de multiplicar os microrganismos benéficos em um substrato para ser utilizado como acelerador de compostagem ou para obter uma melhor sanidade de mudas. Com o advento da agricultura química foi dada menor importância ao bokashi. Já no início dos anos 80, quando se começou a questionar com maior ênfase as contradições da agricultura convencional, as publicações direcionadas para os produtores resgataram e divulgaram largamente os benefícios do esquecido bokashi na agricultura.


2 - Métodos de preparo do bokashi
Existem dois métodos de preparo de bokashi, o conhecido pelo mesmo nome que é de fermentação aeróbica e o kenki bokashi, que é o de fermentação anaeróbica. As duas variações de bokashi tem a mesma finalidade: estimular, diversificando, aumentando e recuperando a atividade biológica do solo, resultando em melhoria das condições físicas (porosidade: maior capacidade de reter água), biológicas (melhor equilíbrio biológico e menor infestação de doenças) e químicas (menor perda e maior disponibilidade de nutrientes) do solo.

A fórmula de KENKI BOKASHI é ideal para ser feita em casa, pois não necessita ser revirada constantemente (menos mão-de-obra e espaço), ao contrario do BOKASHI que necessita ser revirado algumas vezes.

Outro detalhe da formula do bokashi e do kenki bokashi é que existem varias possibilidades de misturas. Recomenda-se que se use o que for mais fácil de encontrar e mais barato nas redondezas de onde se vai produzir-los. No caso do kenki bokashi só existe uma regra básica para a mistura: no máximo 65% de farelo (de arroz, por exemplo) e até 30 % de torta (mamona, soja, amendoim, etc.), o restante deverá ser enriquecido com farinha de osso, carne ou sangue, pó de rocha, palha de arroz, cinza de madeira, etc.

ATENÇÃO: Por ser um produto que contém microrganismos vivos, não se recomenda a utilização de água tratada com cloro na produção do bokashi e na irrigação de plantas que o recebem. Caso essa seja a única opção, aconselha-se que a água permaneça em um recipiente de boca larga (ex.: balde ou bacia) por 24 horas até o cloro evaporar ou usar um declorardor comercial.

3 - Materiais:
- 1 balde de 10 litros com tampa ou um recipiente equivalente que possa ser bem tampado;
- 1 saco plástico resistente (ex.: saco de lixo preto de 30 litros).

4 - Ingredientes:
- 4,5 kg de farelo de arroz (ou trigo, soja, etc... ou ainda um mix destes)
- 1 kg de torta de mamona
- 0,6 kg de farinha de osso
- 0,5 kg de cinza de madeira
- 0,5 kg de palha de arroz ou casca de café
- 1 lt de solução EM-4 ativado (900 ml de água de nascente/mina, 50 ml de EM-4 e 50 g de açúcar)

5 - Procedimentos:
1 - Misture bem os ingredientes secos (farelo, torta, farinha, cinza e palha);
2 - Acrescente a solução de EM-4 aos ingredientes de modo homogêneo para que a umidade em toda mistura seja uniforme, essencial para que haja uma boa fermentação. Este preparado deve ter um teor de umidade em 20% e 30%, que pode ser checado ao formar um bolinho da mistura na mão e aperta-lo entre os dedos. Se sua consistência se mantenha mesmo depois de aberta a mão;
3 - Coloque um saco plástico sem nenhum furo dentro do balde de 10 lts;
4 - Despeje a mistura preparada dentro do balde forrado e compacte o mais que puder;
5 – A umidade geralmente se acumula na superfície da embalagem, prejudicando também o processo de fermentação. Para evitar esse problema, preencha o espaço entre o saco plástico e a boca do balde com uma camada de 3 cm de farelo de arroz seco bem compactado;
6 - Feche o saco plástico de modo que não entre ar na mistura e tampe o balde; 

ATENÇÃO: São nesses dois passos acima (4 e 5) que mora o segredo do Kenki Bokashi: A temperatura da fermentação anaeróbica não ira passar dos 50ºC. Para que ela ocorra perfeitamente não deve sobrar nenhum espaço com ar dentro do saco/balde. Qualquer abertura que possibilite a entrada de ar resultará em má fermentação da mistura e elevação da temperatura que poderá passar dos 50ºC prejudicando a qualidade do produto final que desejamos;

7 - Acondicione o balde em um local fresco e seco por um período de 15 a 20 dias;
8 - Após esse prazo, abra o balde e o saco plástico, retire a camada de farelo acrescentado no passo 5 e se exalar:
a) um cheiro agridoce agradável de fermentação láctica, a fermentação ocorreu com sucesso e o produto pode ser usado imediatamente.
b) um cheiro fétido e nada agradável, provavelmente você não compactou direito a mistura ou deixou entrar ar durante a fermentação. Nesse caso a mistura deve ser descartada.

Se houver também bolores brancos sobre a mistura, tudo bem. Se os bolores forem verdes ou pretos, descarte a mistura.

balde aberto após a fermentação

9 - O Kenki Bokashi deve ser usado o mais breve possível, ou espalhado sobre uma superfície protegida e deixa-lo secar a sombra, para que não entre em processo de fermentação aeróbica com elevação de temperatura. Durante a secagem do Kenki Bokashi haverá a multiplicação de fungos filamentosos, o que o deixa bem parecido com o seu irmão bokashi de fermentação aeróbica.




kenki bokashi secando a sombra



 

6 - Recomendações

- o uso em excesso de bokashi poderá criar desequilíbrio químico e nutricional, liberando os aminoácidos na seiva das plantas e favorecendo o ataque de pragas e doenças;
- o bokashi deve ser usado em solo com disponibilidade de matéria orgânica, caso contrário ira ocasionar o endurecimento do mesmo;
- nunca use o bokashi diretamente sobre a planta;
- para uma maior eficiência a área aplicada deve ser protegida com cobertura morta.


7 - Como usar
1 – substratos e mudas, 5% do volume total em bokashi;
2 – para berços de hortaliças, de 30g~50g por metro quadrado de canteiro;
3 – para berços de perenes, de 100g~200g por berço;
4 – em plantas perenes já implantadas, em 3 vezes de 0,5 kg cada sendo na pós-colheita, antes da floração (nunca durante) e durante a formação dos frutos espalhando-o sobre a matéria orgânica depositada ou em 2 ou 3 berços,de no máximo 10 cm de profundidade, por cada 5 metros quadrados, na projeção da copa;
5 – na preparação de campos e canteiros utilizar 50~100g por metro quadrado ou 500kg a 1 tonelada/ha, sendo incorporado à terra na profundidade máxima de 10 cm;
6 – em vasos, 1 colher de café rasa por mês, que deve ser colocada em uma das bordas do vaso, longe da planta. No próximo mês coloque-o na borda oposta, no mês seguinte comece a fazer uma cruz e assim por diante até o limite de 4 colheres para vasos pequenos, 6 para médios e 8 para grandes. Não use bokashi enquanto a planta estiver florida.
Em todos os casos de preparo de solo/berços, após a aplicação/incorporação do kenki bokashi no solo/berço, regue o solo/berço levemente, se possível com EM-4 diluído na água a 1:1000 e deixe o solo/berço fermentar por 10 dias antes de utiliza-lo.

8 - Dicas:
1 - Ao abrir o saco que está dentro do balde (passo 8 dos procedimentos), existirá uma pequena camada da mistura que não estará úmida. Essa camada deve ser misturada ao kenki bokashi antes de coloca-lo para secar;
2 - O kenki bokashi pode ser colocado também em composteiras e minhocários para melhorar a qualidade do produto final na proporção de 50g por metro quadrado de composto/humus.
3 - Para produzir maiores quantidades basta multiplicar a quantidade dos ingredientes.


9 - Fonte:

- Microrganismos Eficazes EM na Agricultura – CPMO – 1998;
- Adubação Orgânica, Preparo de Composto e Biofertilizante – Penteado, Silvio Roberto, 2ª Ed. Agrorganica, Fev/2006;
- Apostila do Curso Horta Orgânica – Tecnologias Avançadas – FMO – 2003;
- Apostila do Curso de Capacitação em Agricultura Orgânica – SAA-SP – 2004

18 de janeiro de 2008

Como fazer em casa seu broto/germinado.





Depois de um longo período ibernando (364 dias exatamente), cá estou eu de volta com um novo artigo.

Bom, o nome do blog já diz: "Mungo Verde", que lembra... broto de feijão. Então, vamos lá explicar, de uma maneira bem simples e, principalmente, prática, após uma breve introdução, uma das técnicas de cultivar brotos em casa.

1 - Introdução

As sementes são verdadeiros acumuladores biológicos de energia, sob a forma de energia nutritiva e alimentar.

SEMENTES + ÁGUA: basta isso para que você aproveite o máximo de energia vital acumulada que será liverada nos brotos, essa energia é usada para estimular todos os processos biológicos de reprodução celular da planta. Assim, se nos alimentarmos desses brotos germinados, estaremos utilizado dessas reservas de energia nutritiva, que nunca irão reaparecer em concentração semelhante na vida posterior de uma planta.

2 - Vantagens do cultivo e consumo de brotos:

Enumero aqui algumas das vantagens de se cultivar e consumir brotos.

Primeira: aumento da quantidade de vitaminas e sais minerais, com a consequencia baixa do teor de amidos e óleos, "digeridos" durante o silencioso milagre da germinação;

Segunda: o sabor, Ah... o sabor... seja ele picante (dos brotos de mostarda, agrião e rabanete) ou o adocicado dos demais é, literalmente, um prato cheio;

Terceira: organismos mais delicados aceitarem maravilhosamente os pratos à base de brotos, ainda que as sementes que lhe deram origem sejam indigestas;

Quarta: ausência total de fermentação intestinal quando consumidos, por exemplo, brotos de feijão;

Quinta: ausência de terra, fertilizantes ou inseticidas para esta forma insólita de cultuvo;

Sexta: a facilidade de aproveitamento de todos os espaços domésticos para o cultivo;

Setima: o curto espaço de tempo que vai da "semeadura" ate a "colheita": não mais de uma semana.

3 - Material necessário:

a. Vidros de boca larga;

b. Tela fina de náilon, filó ou gaze de algodão esterilizada (para vedar a boca dos vidros), ou a própria tampa do vidro furada com metal fino e quente (por exemplo, prego, agulha, etc.) ou com uma furadeira elétrica;

c. Tira de borracha, elástico ou similar (para prender a tela/filó/gaze ao gargalo do vidro);

d. Travessas ou bacias grandes (para lavagem e seleção das sementes);

e. Peneiras ou coadores de diferentes tamanhos (para auxiliar na lavagem das sementes);

f. Escorredor/apoio para colocar os vidros (por exemplo, escorredor de pratos ou algo similar);

g. Panos grossos e limpos (para cobrir os vidros, impedindo assim, em parte, que penetre luz);

Todo o material utilizado para o cultivo de grãos deve permanecer impecavelmente limpo. O melhor é fervê-lo ou enxaguá-lo com água fervente após cada cultivo, para eviti a proliferação de bactérias.

Gazes de algodão não são ideais para o fechamento dos vidros, porque absorvem muita água e podem desenvolver mofo. Porém, desde que trocadas freqüentemente, também podem ser usadas.

4 - Escolha das sementes:

Toda a atenção é necessária na aquisição de sementes de boa qualidade biológica. As sementes para brotos deve ser, impreterivelmente, as de origem orgânica, sem defensivos ou agrotóxicos, completamente livres de tratamento químico, sobre o risco de intoxição de quem vai consumir os brotos.

Outro ponto importante e a qualidade das sementes. Evite usar sementes quebradas, murchas, doentes ou podres, carunchadas e com aspecto deformado pois, são suficientes apenas algumas sementes sem poder germinativo, dentro do vidro de cultivo, para influenciar negativamente as outras. Elas não se abrem, o seu amido começa a apodrecer e a fermentar, e o sabor dos brotos se estraga. Nesse ambiente, as bactérias e fungos podem proliferar.

Particularmente adquiro minhas sementes do Depósito Itapuã. Você pode pedir uma lista das sementes disponíveis pelo e-mail itapua@alfafa.com.br

5 - Água

A água é de vital importância para os brotos; por isso devemos usar a melhor possível para o seu cultivo, de preferência água mineral. Principalmente na fase inicial de absorção (período em que as sementes permanecem de molho), uma água bem pura é essencial. Para as lavagens (enxaguaduras) subseqüentes, pode-se então utilizar outra. Nos casos de dúvida sobre a sua qualidade, podemos usá-la fervida ou filtrada.

Costumo usar água usada para deixar de molho as sementes para regar minhas plantas pois esta contem muitas substâncias nutritivas. Só não deve ser usada por humanos pois contem muito fitato e oxalato (substancias anutricionais para nossa espécie).

6 - Temperatura

A temperatura ideal para germinação dos brotos é de + ou - 25ºC. Uma variação grande para menos ou para mais respectivamente atrasa ou acelera o seu desenvolvimento. Por isso é ideal deixar os vidros de cultivo em local freco como: em baixo da pia, em armários, caixa de isopor com ventilação ou mesmo contruindo um germinário (darei mais detalhes sobre como fazer um em outro artigo).

Em dias quentes os brotos precisam, sem falta, ser enxaguados e molhados mais freqüentemente.

7 - Luminosidade

Na natureza, as sementes germinam na semi-obscuridade da terra. Para criarmos condições semelhantes, os vidros de cultivo devem ser cobertos com um pano bem grosso ou colocados em ambientes onde não recebam muita luz como armários e caixas ventiladas, onde os brotos tenhma uma luz fraca e indireta.

8 - Circulação de ar

É imprescindível que a circulação de ar dentro do vidro de cultivo permaneça constante. Ao se cobrir o vidro, deve-se estar atento para não obstruir a sua boca, a fim de que o ar possa circular livremente em seu interior. Do mesmo modo, ao se colocar o vidro em uma caixa de isopor ou em um germinário, estes devem ser bem arejados.

Se os brotos se expandem muito dentro do vidro, é aconselhável lavá-los numa peneira ou coador, para que possam absorver melhor o ar de que necessitam. O mais indicado é usar uma quantidade de sementes compatível com o tamanho do vidro.

9 - Algumas regras para o sucesso do cultivo:

a. Os brotos devem ser mantidos úmidos e nunca encharcados;

b. Procurar manter uma temperatura média do ambiente em torno de 25°C;

c. Molhar regularmente os brotos, isto é, de preferência sempre nos mesmos horários e no mínimo duas vezes ao dia, em dias frios e três ou mais vezes em dias quentes;

d. Proporcionar espaço suficiente dentro dos vidros, para que os brotos possam se expandir livremente e ter o ar necessário;

e. 0 local para o cultivo deve ser tranqüilo, harmonioso, arejado e não muito iluminado.

10 - Algumas causas para o insucesso do cultivo:

a. Sementes de má qualidade biológica, velhas demais, machucadas, podres, quebradas ou armazenadas inadequadamente;

b. Sementes mantidas secas demais dentro do vidro.

c. Sementes mantidas úmidas demais ou tratadas quimicamente, o que leva ao apodrecimento fácil;

d. Temperatura ambiental baixa demais, impedindo a germinação;

e. Temperatura ambiental elevada demais.;

f. Excesso de luz sobre as sementes, causando fermentação;

g. Má qualidade da água;

h. Desenvolvimento de bactérias no interior do vidro ou na tela que o fecha;

i. Uso de sementes que tenham recebido radiação;

j. Recipientes metálicos geram óxidos que compromentem a germinação.

11 - Começando o platio

a. Pela noite, lave, em uma vasilha, 1 xícara de sementes da sua preferencia retirando as sementes que estão estragadas que sobrenadam, juntamente com outras pequenas "sujeiras" (pedaços de sementes, pedaços de folhas, de cascas, etc);

b. Coloque as sementes lavadas em um vidro de boca larga e complete com 5 xícaras de água
(mineral, de preferência);

c. Deixe as sementes de molho nessa água umas 12 horas, da noite para o dia seguinte;

d. Após 12 horas fazer nova limpeza, retirando os eventuais grãos que não estejam sadios, que sobrenadam ou que não incharam, e escorrer a água do molho (que poderá ser aproveitada para regas de plantas);

e. Fechar a boca do vidro com um pedaço de tela/filó/gaze, prenden-do-a no gargalo com uma tira de borracha, elástico ou algo similar ou com a própria tampa do vidro, furada;

f. Colocar o vidro em posição inclinada, de modo a escorrer o excesso de água (por exemplo, sobre um escorredor de talheres). Coloque o vidro dentro de um germinário ou cobri-lo com um pano grosso, deixando porém a boca do vidro livre para que o ar circule;

g. À tarde e à noite no inverno (ou pela manhã, à tarde e à noite no verão), enxaguar as sementes, colocando água no interior do vidro e agitando-o bem e em seguida fazê-la escorrer novamente, recolocando o frasco de volta ao local anterior;

h. Quando o broto atingirem pelo menos o tamanho das sementes, ele já poderão ser utilizado, não devendo ultrapassar muito este ponto.

12 - Retirando a casca para consumo:

Comer algumas casquas da sementes germinadas não faz mau para ninguem, mas todas as cascas de uma produção pode gerar problemas. Recomenda-se retirar as cascas dos germinados, antes de usa-los, pois estas são ricas em celulose e outras substancias anutricionais e não são digeridas com facilidade pelo organismo humano.

Retirar uma por uma dos germinados é praticamente impossível então: temos três opções para remover a casca das sementes antes de consumir.

A primeira é: após o molho de + ou - 12 horas, coloque as sementes em uma bacia e vá passando-as entre os dedos. As cascas vão se soltando totalmente.

A segunda é uma variação da primeira: logo que apareça o ponto germinativo na semente (o narizinho), retire as sementes do vidro de cultivo e, sobre uma vasilha, esfregue-os delicadamente entre as mãos para que a casca se solte da semente. Alguns pontos germinativos irão se quebrar mas, se essa operação for feita sim que os mesmo apareçam, eles iram crescer normalmente.

A terceira maneira, a que eu uso é: coloque os brotos dentro de uma vasilha funda com água até a boca; faço um rodamoinho com os dedos/colher; espero a água parar; as cascas ficam quase todas no centro boiando ou no fundo; aí "pesca-se" as cascas que boiam, retira-se os brotos e, logo em seguida, as cascas dos fundo. Repita esse processo de 2 a 3 vezes.

13 - Algumas dicas:

a. As sementes crescem muito quanto se transformam em brotos. Com exemplos: 1 xícara de sementes de girassol rende 3 xícaras de brotos. 1 xícara de feijão rende 8 xícaras de brotos;

b. A quantidade e a freqüência com que os brotos devem ser consumidos variam de indivíduo para indivíduo. Com a prática do dia-a-dia você vai aprendendo a dosar suas necessidades sementes;

c. Os germinados produzidos deveriam ser consumidos o mais breve possível. Se precisar guardar uma quantidade na geladeira, coloque em uma vasilha e mantenha-os na gaveta de baixo cobertos com um pano úmido para que durem mais;

d. Depois de germinados, alguns brotos podem ser expostos por poucas horas à luz natural indireta, para que formem clorofila;

e. Antes de comê-los ou cozinhá-los, lave-os com água em abundância para retirar os resíduos metabólicos. Eles podem causar gases. Caso você tenha usado a 3ª técnica para retirar as cascas das sementes, você não vai precisar lava-os novamente;

f. Os sabores dos brotos não são primores para satisfazer nenhum gourmet, mas eles são tão saudáveis que uma dieta à base de brotos pode melhorar e muito a sua saúde. Se você ainda não está acostumado(a) aos sabores dos brotos, enriqueça a comida do dia a dia ou a salada. Alguns têm gostos mais picantes, outros mais amenos.

g. Lembre-se que todo alimento cozido perde as enzimas que ajudam na digestão, assim como boa parte da energia vital. Prefira comer os brotos crus ou misturados com cozidos;

14 - Uma breve classificação dos brotos:

Aqui estão ordenadas as sementes de acordo com seus hábitos de germinação. Vamos lá:

a. Sementes pequenas: alfafa, mostarda, gergelim, painço, amaranto, couve-rábano, etc.
Todas elas crescem rápido, possuem aroma limpo e marcante através do qual estimulam o organismo. Com exceção da alfafa, que tem sabor mais suave, todos os outros brotos
são de preferência complementos para sopas, saladas e "mexidos".

b. Cereais: trigo, arroz, centeio, cevada, milho, aveia.
Geralmente em 2 dias já soltam o germe e a raiz, e esses brotos deveriam ser usados apenas bem jovens, tenros e enquanto o germe e as raízes não são muito mais longos que o próprio grão. Possuem um sabor suave e doce e complementam qualquer prato, principalmente saladas.

c. Leguminosas de casca mole: lentilha, feijâo-mung (moyashi), feijão-azuki.
Fáceis de cultivar, até mesmo em grande quantidade. Também complementam pratos ou saladas.

d. Leguminosas de casca dura: grão-de-bico, ervilha, soja amarela.
São geralmente brotos muito nutritivos.

e. Sementes produtoras de muco: agrião, linhaça, rúcula.
Durante o período de molho, elas formam uma substância mucosa e pegajosa. Crescem melhor sobre uma superfície úmida (pano de algodão, papel-de-filtro, etc). Têm sabor forte e picante.

f. Sementes de casca indigesta: girassol, trigo-mourisco ou trigo sarraceno, abóbora, amêndoa. Após a germinação, as cascas devem ser retiradas.

15 - Finalizando:

Esse não é nenhum tratado de germinação de sementes para consumo humano, nem pretende ser a exposição da técnica "correta" pois existem outras tantas técnicas de cultivo de brotos, simples e práticas também como: cultivo em vasos, peneiras, coadores, saquinhos de filó, tubos de plástico, tabuleiros, potes e ate em pratos, que dão tão certo quanto essa.

Cabe a quem for utilizar fazer suas adpatações e correções na técnica.

Caso queira me enviar suas correções e seus resultados, ficarei muito satisfeito em poder comentar e ajudar.

16 - Fontes:
- Os Brotos - Nakayama, Akira - Editora Gaia - 1984
- Plantas que ajudam o homem, Guia párico para a época atual - Dr. José Caribé e Dr José Maria Campos (Clemente) - Editora Cultrix/Pensamento - 8ª edição - 1991
- Experiência própria